Antes de qualquer coisa, gostaria de deixar claro que existiram várias motivações para a criação deste, que ainda em construção. Motivos que serão citados minuciosamente. Mas isso será posteriormente, pois cabe aqui o cuidado e carinho que eles merecem.
No começo, era o princípio. Por isso, quero começar com o início. Assim como quero acabar como tudo começou. E o começo é a origem. A razão de tudo. Tudo pode mudar, podem existir desvios e repulsões, transtornos e transgressões. Mas não há como negar a origem. É a ela que voltaremos. É a ela que sempre recorreremos. A origem entre tantas outras coisas representa também a formação, a constituição das vísceras, as entranhas das raízes. Aqui, teremos primeiro, a origem.
Para tentar demonstrar um pequeno fragmento dessa origem vou recorrer a idéias de várias mentes, portanto, idéias fragmentadas. Fragmentadas, mas organizadas e coerentes em seu ponto comum. Não coerentes em si mesmas, mas em seu ponto comum. Mentes talvez tão fragmentadas quanto a minha, mas com um diferencial: mentes geniais. Pessoas que se fizeram geniais com mentes maravilhosamente especiais e transcendentes. Enquanto eu, sou apenas eu. Apenas tentando ser.
Com o tempo perceberão que minha relação com certas coisas é muito significativa e importante. Uma dessas coisas é a banda Legião Urbana que muito representa para mim e faz parte da minha existência. E será algo que sempre virá à tona, por se tratar de um assunto constante. Faz parte também do começo, do estímulo primeiro que trouxe em si todas as outras razões. A música a seguir faz parte do álbum DOIS da Legião Urbana, lançado em julho de 1986. Não é o disco mais bem produzido da banda, por se tratar do segundo lançado e de a banda estar num estágio de amadurecimento. Mas é sim o álbum mais completo. No disco DOIS temos reunidas todas as características da banda, de tudo que ela seguiu e de tudo o que havia seguido até então. Temos a síntese de toda história da banda e de sua produção. DOIS é a proposta inteira de tudo que a Legião pretendia e conseguiu. As temáticas das letras abrangem o todo: protesto, intimismo, política, reflexão, poesia, revolta, catarse, denúncia, história, etc. Além disso, temos a capa do disco que é a mais bonita de todos os discos já lançados. Simples, completa e infinitamente simples. Mas é justamente aí que se encontra a maior beleza. A beleza que não tem critérios nem divergências: a simplicidade. Enfim, o DOIS é a coerência completa da Legião Urbana como banda. É isso. Por enquanto, ficaremos com o início:
ANDREA DORIA
(Dado Villa-Lobos/ Renato Russo/ Marcelo Bonfá)
Às vezes parecia que, de tanto acreditar
Em tudo que achávamos tão certo,
Teríamos o mundo inteiro e até um pouco mais:
Faríamos floresta do deserto
E diamantes de pedaços de vidro.
Mas percebo agora
Que o teu sorriso
Vem diferente,
Quase parecendo te ferir.
Não queria te ver assim –
Quero a tua força como era antes.
O que tens é só teu
E de nada vale fugir
E não sentir mais nada.
Às vezes parecia que era só improvisar
E o mundo então seria um livro aberto,
Até chegar o dia em que tentamos ter demais,
Vendendo fácil o que não tinha preço.
Eu sei – é tudo sem sentido.
Quero ter alguém com quem conversar,
Alguém que depois não use o que eu disse
Contra mim.
Nada mais vai me ferir.
É que eu já me acostumei
Com a estrada errada que eu segui
E com a minha própria lei.
Tenho o que ficou
E tenho sorte até demais,
Como sei que tens também.
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